terça-feira, 30 de setembro de 2008

sábado, 27 de setembro de 2008

questões rápidas

# Qual o problema dessa bosta de blogger que me faz tentar postar 150 vezes a mesma merda?

# Será que conforto se confunde com tédio?

# Às vezes acho que o que eu acho disso tudo é perdição.

# Djavan continua muso, o repertório é que contrai. Vale a pena?

# Sensação de ... nem sei. E nem quero saber.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Musa




















" O amor nunca morre de morte natural. Ele morre porque nós não sabemos como renovar sua fonte. Morre de cegueira e dos erros e das traições. Morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações, da falta de brilho..."
Anaïs Nin

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Habitat

A casa era o lugar onde estava dentro,
vácuo perene que tranca a vida no umbigo.
Vivíamos sem saber onde terminavam as odes
e muito menos por onde se iniciavam os cortejos.
Cada um sabia apenas do quintal,
cheirando o barro molhado de chuva;
e quando as mangas abundavam,
tempestade nas telhas cruas.
A casa era o lugar onde estávamos todos,
presos apenas pelo sentir.


"Senhor, ajudai-nos a construir a nossa casa
com janelas de aurora e árvores no quintal.
Árvores que na primavera fiquem cobertas de flores
e ao crepúsculo fiquem cinzentas como a roupa dos pescadores."


Manoel de Barros.


terça-feira, 16 de setembro de 2008

solilóquios

# Criar expectativa é gerar uma frustração,
nada disso impede o sonho.

# Ruminar as frases é transformá-las em argumentos sanguíneos.

# Digerir o mundo é semear sons em terra de letras.

# Quem me dera passarinhar a primavera.

Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Manoel de Barros

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Khalo e Rivera

Os anos de em que eu mais sofri de solidão e saudade, foram também os em que eu mais descobri quem sou e como é dolorido conhecer na prática os conceitos de lealdade e hombridade.

Foi quando eu também aprendi que um relacionamento pode acabar por simplesmente não ter mais pra onde ir e que isso não significa que ele deu errado.

Minhanossasenhora, ninguém pode imaginar o nó que isso dá na cabeça.

Fora desses anos de aprendizado, eu já tinha percebido que relacionamentos são contratos, uns silenciosos, outros não; mas são contratos. Onde cláusulas são regras do nosso cotidiano e que se quebradas trazem prejuízos para um ou para os dois lados.

Percebi também analisando meus relacionamentos anteriores que o que sempre me atraiu no outro era a intelectualidade, inteligência emocional, adaptabilidade às situações; afinal de contas alguma coisa haveria de ligar pessoas tão diferentes em estética, idade, finanças, credo, raça, etc;

Demorei muito pra encontrar outra pessoa que eu pudesse acreditar que estivesse disposta a compartilhar desses conceitos comigo, seja aprendendo ou já trazendo-os em sua bagagem.

Hoje acordo depois de dois anos e não sei quem está ao meu lado, você me prova que eu estava completamente errada.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Ciúme

CONTARDO CALLIGARIS
Ciúme

Pesquisa oferece duas sugestões para que uma relação não seja envenenada pelo ciúme


A CADA semana, ouço a queixa de alguém que encontra, no celular de seu parceiro ou parceira, a "prova" de uma traição: o ciúme vinga com a tecnologia, mas entendê-lo continua difícil.
Para os darwinistas, a evolução favoreceu os ciumentos: sobrevive a linhagem dos que evitam sustentar rebentos ilegítimos, poupando assim seus recursos. Problema: o argumento evolucionista vale só para o ciúme masculino (mesmo no pleistoceno, os homens que pulavam a cerca não voltavam grávidos para casa), e, restaria explicar, o ciúme feminino. Várias pesquisas mostram que todos, homens e mulheres, são mais sensíveis à infidelidade emocional (que não engravida ninguém) do que à infidelidade sexual.
Os cognitivistas, em geral, entendem o ciúme como uma reação contra algo que ameaça a relação e fere o amor-próprio do "traído". Faz sentido, mas o ciúme (sobretudo patológico) nem sempre é reativo: às vezes, o ciumento inventa situações para alimentar seu ciúme.
Os terapeutas psicodinâmicos notam que o ciumento é mais preocupado consigo e com seus rivais do que com o objeto de seu amor. Eles reconhecem, grosso modo, dois tipos de ciúme, que ambos seriam restos neuróticos da infância:
1) Há o ciúme possessivo de quem não deixa a primeira infância, continua querendo ser um único corpo, junto com a mãe, e só enxerga ameaças - no pai, nos irmãos etc. Nesse estilo, uma tia minha passou a vida recluída pelo marido: não saía de casa, nenhum médico podia examiná-la. Por essa razão, eu não a conheci, mas minha avó dizia que o homem era louco e que ela era louca também, por aceitar.
2) Há o ciúme inseguro de quem nunca se sente "tranqüilamente" amável e está sempre revivendo as emoções da pré-puberdade, quando descobrimos que a mãe tem interesses diferentes da gente (experiência dolorosa, mas também prazerosa, pois, traindo-nos, ela nos liberta para desejarmos outras coisas).
Então? Pois é, acabo de ler uma pesquisa, de Visser e McDonald, no "British Journal of Social Psychology" (vol. 46, nº 2, junho 2007): "Swings and Roundabouts: Management of Jealousy in Heterosexual Swinging Couples" (suingue e carrosséis: administração do ciúme em casais heterossexuais que praticam o suingue).
Questão dos pesquisadores: há casais que praticam regularmente o suingue, a troca sexual de parceiros; como eles administram o ciúme?
Resultado previsível: os casais que praticam suingue transformam seu ciúme em excitação sexual. Essa transformação é mais fácil para o homem; na mulher, a visão do parceiro nos braços de outra produz facilmente insegurança. Seja como for, a transformação do ciúme em excitação sexual é possível à condição que seja garantida a confiança absoluta de ambos na coesão do casal. Garantida como?
1) A primazia do envolvimento afetivo sobre o sexual é permitida pela sinceridade. O parceiro é sempre o primeiro a saber: essa prioridade garante a superioridade do laço afetivo do casal sobre o laço sexual com outros. De fato, na infidelidade, o que mais causa aflição é que, por exemplo, o amante sabe do marido, e o marido não sabe do amante (diga para um amante que sua performance é comentada na mesa do casal, e ele, provavelmente, sumirá para sempre).
2) O próprio suingue, como fantasia constantemente elaborada pelos dois, consolida o laço do casal, torna-o muito mais importante do que os parceiros ocasionais de cada um.
Será que, dessas constatações, há como deduzir uma receita contra o ciúme ordinário?
Parece que sim: à condição de não precisar repetir os restos da infância mencionados antes, deve ser possível construir uma relação em que o ciúme seja tolerável. Para isso, segundo a pesquisa, é bom: 1) que as "infidelidades" (todas, não só as sexuais) sejam prenunciadas, ou seja, que elas existam primeiro na conversa do casal; 2) que os membros do casal compartilhem uma aventura, um sonho (voar de asa delta, aprender sânscrito ou praticar suingue, tanto faz).
Mais duas observações. A maior traição é a traição do próprio desejo da gente; portanto, pedir ao outro para não nos trair é menos importante do que lhe pedir para não trair a si mesmo. Até porque um parceiro ou uma parceira que traísse seu próprio desejo para ficar com a gente acabaria, a médio prazo, odiando-nos por ter-se traído.
Enfim, uma infidelidade não é razão para acabar com uma relação. No máximo, é razão para perguntar-se se a relação vale a pena.
ccalligari@uol.com.br